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7 de abril de 2009

Crônica do amigo Antônio Cavalcante (Tatá)

ANOS DE GLAMOUR E CHARME

Nas décadas de 50, 60, e 70, ainda nos tempos dos SNAAPP e depois ENASA, utilizávamos o famoso navio Presidente Vargas para chegarmos a Mosqueiro ou Soure. Era um dos navios da famosa frota branca construídos na Holanda, o mais luxuoso da navegação regional, oferecia um conforto nunca dantes conhecido pelos paraenses, possuía ar refrigerado, tinha um bar estilo pub inglês, palco de muitas historia da nata social belenense.
O navio era veloz, dentre seus capitães, lembro do comandante Hosana. Impunha aos seus passageiros, respeito e confiança por trás daquele sorriso alegre. A tripulação como seu comandante. era impar no trato com os viajantes distribuídos pelos seus conveses a saber: primeira classe, a classe turística e a terceira classe.

Muitas estórias vem em nossa lembrança, mas a mais pitoresca era quando o Presidente Vargas apitava ao atracar no trapiche da bucólica ilha cantada em verso e prosa pelos cronistas da época. Os jovens se aproximavam da mureta do navio e acenavam aos amigos e familiares que já se encontravam no Mosqueiro, ou então ficavam gritando pelo numero dos estivadores e carregadores que ficavam atentos para conseguir um carreto para transportar as bagagens que não eram poucas, pois os passageiros traziam não somente as mudas de roupas e objetos pessoais, como também o rancho a as vezes ate mobílias de apoio a sua estada na ilha.
Um outro fato peculiar nas viagens da famosa embarcação era o desembarque dos passageiros que eram recebidos por uma sonora mas agradável vaia de boas vindas pelos amigos e conhecidos, sem contar com as inocentes paqueras iniciadas durante o percurso da elegante nau.
Após o desembarque dos passageiros com destino a bucólica, o paquete tomava o rumo de Soure, bonita e agradável cidade da ilha do Marajó no outro lado da baía e porto final da viagem iniciada horas antes em Belém no galpão Mosqueiro e Soure.



A travessia da baia do Marajó era um pouco tensa para os passageiros, pois o navio apesar de seguro, jogava muito ao sabor das ondas marajoaras o que provocava certo desconforto a alguns passageiros, notadamente aos usuários do pub da embarcação.
Por outro lado, a viagem proporcionava uma visão paradisíaca onde se via ao longe as praias de Joanes, Salvaterra localizadas também no arquipélago do Marajó. Enfim adentrava no rio onde anos mais tarde iria servir como cenário ao até hoje não explicado acidente que levou para as profundezas o nosso saudoso navio Presidente Vargas. Finalizando dessa maneira o glamour e o charme de uma era.

Antônio Cavalcante

3 comentários:

Biratan Porto disse...

Tatá;
Muito bacana o seu texto rememorando a Belém de outrora. Estamos esperando outros.
abs. Bira

CASSIO disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CASSIO disse...

Caro Tata
Bélissima lembrança!
Estou fazendo um levantamento sobre a Ilha e sentimos pela falta de relatos históricos e principalmente por fotos do período.
Em nossos estudos contamos com o livro de Augusto Meira Filho " Ilhas e Vilas" de 1978, no entanto sabemos que pelo Brasil a fora há um cem número de pessôas que viveram momentos de rara beleza e isso nos falta para dar continuidade a nossa bela e riquissíma identidade Cultural